8 verdades sobre o custeio de servidores públicos
Setores da sociedade que desejam acabar com os serviços públicos – para que a população pague por aquilo que é um direito – costumam espalhar a falsa mensagem de que o custeio de servidores públicos é que provocou a crise econômica que estamos vivendo.
Vejamos o que esse mito tenta esconder.
Conteúdo
1) Dados incoerentes
Tanto a metodologia nacional, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como a internacional, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), consideram os dados apenas dos servidores públicos que estão na ativa.
Porém, institutos de pesquisa e pesquisadores comprometidos com o neoliberalismo incluem pensionistas e aposentados aos custos com servidores, adulterando os dados para parecer que os gastos são maiores.
2) Superação de deficiências sociais
Nas décadas de 1990 e 2000, o Brasil experimentou melhoria no acesso aos serviços públicos, sobretudo em Educação (que ainda precisa avançar bastante) e Saúde. Mas, para que tais deficiências sociais fossem superadas, fez-se necessário investir em serviços públicos e em força de trabalho mais qualificados, e que permanecem até hoje.
3) Terceirização
Cerca de 14% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é investido em organizações do setor privado para o provimento de bens e serviços ao governo e aos cidadãos – aponta a OCDE, cuja média é 10%.
Além de estar acima da média, o gasto é erroneamente somado ao custeio dos servidores públicos, já que se trata de uma terceirização do bem social.
4) Estrutura salarial
A renda do trabalhador brasileiro na iniciativa privada é estrutural e cronicamente baixa. Pior: tem decrescido ainda mais com a forte recessão e o aumento do desemprego. Os salários no setor público não são instantaneamente impactados por ciclos econômicos porque a prestação de serviço permanece inalterada.
Isso provoca uma desigualdade de renda artificial, que poderia ser corrigida com a retomada da economia e a geração de empregos.
5) Fome por mão de obra barata no setor privado
A formação capitalista subdesenvolvida no Brasil estimula o setor privado a praticar baixos salários entre os trabalhadores. Já o setor público exige mão de obra extremamente qualificada, com formação acadêmica e qualificação permanente. A questão a ser pensada não é o salário dos servidores. O problema é a redução dos salários da iniciativa privada.
Embora não seja conceitualmente correto comparar os salários dos servidores públicos com o dos trabalhadores da iniciativa privada (já que são trabalhadores com funções sociais diferentes), numericamente a diferença entre ambos no Brasil (19%) é menor do que entre os países que fazem parte da OCDE (21%).
6) Pequeno aumento nos gastos, mas salto no IDH
A ampliação de políticas de bem-estar social, da população atendida e das funções do Estado, aumentou 1% do PIB o custo com servidores, em uma década: de 9,7% (2007) para 10,7% (2017). Já o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) saltou de 0,545 (1980) para 0,744 (2013)!
7) Prioridades e rombo na arrecadação
Estima-se que as empresas privadas soneguem mais de R$ 500 bilhões por ano no Brasil. São recursos que deixam de entrar nos cofres públicos e que poderiam ser aplicados em políticas públicas. Além disso, anualmente o Governo Federal gasta quase 40% de seu orçamento com o pagamento de juros e amortização da dívida pública (que nunca foi auditada): em 2019, foram destinados mais de R$ 1 trilhão para o sistema financeiro.
8) A quem interessa acabar com o serviço público
As despesas com pessoal seguem controladas e dentro do esperado para um setor público altamente qualificado e contínuo. Porém, setores que querem se apropriar de serviços essenciais para lucrar sobre as necessidades da população continuam tentando enganar a população, dizendo que o problema é o serviço público, enquanto sonegadores e o sistema financeiro suga a maior parte dos recursos brasileiros.
Post muito esclarecedor! Obrigado por compartilhar essas informações valiosas. Com certeza vou compartilhar com meus amigos.
Excelente post! Esclareceu muito bem as questões do custeio de servidores públicos.
Muito esclarecedor! Gostei particularmente da ênfase nas verdades ocultas.