Privatizar não acaba com a corrupção, na verdade aumenta
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Privatizações não resolvem a corrupção sozinhas
Muitas vezes, alega-se que privatizar empresas estatais irá acabar automaticamente com a corrupção nesses setores. No entanto, a experiência internacional mostra que simplesmente transferir um ativo do setor público para o privado não é garantia de redução dos problemas de corrupção.
Isso porque a corrupção tem múltiplas causas e consequências que vão muito além da propriedade estatal. Entre elas:
- Falta de transparência nos contratos e licitações
- Ausência de prestação de contas
- Instituições fracas de investigação e punição
- Impunidade de poderosos
- Financiamento ilícito de campanhas políticas
Privatização pode abrir espaço para novos esquemas de corrupção
Na verdade, as privatizações realizadas de forma apressada e sem os devidos mecanismos de governança podem até mesmo facilitar o aumento da corrupção.
Isso porque surgem oportunidades para:
- Compra de influência política e aprovação de leis que beneficiam grupos econômicos
- Superfaturamento na venda de estatais e desvios no pagamento
- Formação de monopólios privados com poder de mercado e menos controles do que empresas públicas
- Concessões e parcerias suscetíveis a contratos enviesados com pouco retorno público
Portanto, não se combate necessariamente a corrupção apenas com a transferência da propriedade de ativos públicos para entes privados.
É preciso fortalecer instituições públicas de fiscalização e controle
Muito além das privatizações, o que realmente faz diferença no combate à corrupção sistêmica é o fortalecimento das instituições responsáveis pela fiscalização, investigação e punição de práticas ilícitas e antiéticas.
Isso envolve maior autonomia e recursos para:
- Tribunais e Cortes de Contas
- Ministérios Públicos
- Agências reguladoras
- Departamentos de controle interno e auditoria
Caso contrário, mesmo que a gestão de serviços e ativos migre para a iniciativa privada, os esquemas de corrupção podem continuar capturando políticas públicas e prejudicando os interesses da sociedade.
Transparência e prestação de contas são cruciais
Por fim, seja no processo de privatização ou na gestão privada de serviços essenciais para a população, é fundamental estabelecer regras claras e efetivas de transparência, governança corporativa e mecanismos de prestação de contas.
Isso limita brechas para desvios, superfaturamentos e outras modalidades de corrupção empresarial que têm efeitos tão danosos quanto os esquemas públicos de corrupção.
Portanto, fortalecer o combate à corrupção exige muito mais do que apenas transferir ativos públicos para a iniciativa privada sem segurança jurídica nem supervisão adequada. São necessárias reformas sistêmicas e estruturantes para promover mais ética, integridade e interesse público em todas as esferas.
Excelente texto! Explica muito bem como a privatização pode realmente levar a uma corrupção maior, em vez de resolvê-la.
Excelente post! Aborda um tema crucial com muita clareza e evidências. Parabéns por desmascarar o mito de que a privatização é uma solução para a corrupção.